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Foto do escritorDr Carlos Levischi

Supercrescimento bacteriano no intestino delgado (SIBO) e doença de Lyme


Provavelmente, o distúrbio gastrointestinal mais comum associado à doença de Lyme e outras infecções transmitidas por carrapatos é o supercrescimento bacteriano no intestino delgado (SBID ou em inglês SIBO). Estima-se que 60-70% das pessoas com doença de Lyme tenham SIBO.

Embora as bactérias sejam importantes para a digestão dos alimentos e absorção de nutrientes, quando estão em excesso podem causar problemas intestinais, em um estado normal, o intestino delgado contém muito poucas bactérias. No entanto, em SIBO há um crescimento excessivo de bactérias no intestino delgado, causando uma série de sintomas. As bactérias podem entrar no intestino delgado por via oral ou podem migrar do intestino grosso para o intestino delgado. Na junção entre o intestino delgado e grosso, a válvula ileocecal impede que o conteúdo do intestino grosso entre no intestino delgado. A disfunção da válvula ileocecal permite que as bactérias se movam para o intestino delgado. Os pacientes com doença de Lyme podem apresentar SIBO pelos dois motivos:

- Pacientes com doença de Lyme apresentam alterações neurológicas que provocam dismotilidade no trato gastrointestinal, favorecendo a migração de bactérias do intestino grosso para o intestino delgado.

- A doença de Lyme provoca alterações no sistema imunológico que dificultam o controle das bactérias que passam pelo estomago e atingem o intestino delgado e com isso favorecem o crescimento descontrolado desses microrganismos.

O consumo excessivo de açúcar e de álcool também podem causar crescimento excessivo de bactérias no intestino delgado.

Os sintomas mais comuns de SIBO são sintomas semelhantes aos da síndrome do intestino irritável, como gases / distensão abdominal, náusea, desconforto abdominal e diarreia ou constipação, ou ambos. No SIBO, o excesso de bactérias no intestino delgado fermenta o alimento que é consumido e produz gases que levam a esses sintomas. O crescimento excessivo de bactérias no intestino delgado também leva à má absorção de nutrientes, o que pode contribuir para a fadiga, baixo teor de ferro e baixo teor de vitamina B12. Como o SIBO causa inflamação no intestino delgado, pode levar à síndrome do intestino permeável e seus sintomas associados.

Um teste respiratório de lactulose (LBT) mede o gás coletado da respiração a cada 20 minutos durante 3 horas após o consumo de lactulose. Se houver níveis excessivos de bactérias de SIBO no intestino delgado, as bactérias irão digerir a lactulose e produzir metano e / ou hidrogênio. Um aumento de um ou de ambos os gases no intestino delgado indica SIBO.

O SIBO é tratado com antibióticos ou regimes fitoterápicos que comprovadamente são eficazes contra as bactérias produtoras de hidrogênio ou metano. Probióticos, dietas especiais e agentes de motilidade também são usados ​​no tratamento de SIBO. No entanto, SIBO - especialmente causado por bactérias com predominância de metano - pode ser mais difícil de tratar em alguém com doença de Lyme. A boa notícia é que os antibióticos que servem para doença de Lyme usualmente também agem na SIBO. A rifaximina é um antibiótico seletivo para bactérias do trato intestinal e pode ser útil em pacientes que não estão realizando ciclo com antibióticos para doença de Lyme e apresentam SIBO.

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