O glúten é uma proteína presente naturalmente em muitos cereais, como o trigo, o centeio e a cevada. Cerca de 1% da população mundial possui a doença celíaca. Nela, o glúten não é bem aceito pelo intestino. Quando ele chega ao órgão desses pacientes (e só neles), desencadeia uma reação do sistema imunológico, que destaca células de defesa para atacar a região. Nessa briga, acaba sobrando para as vilosidades intestinais, estruturas que são responsáveis por absorver os nutrientes da comida. Com as vilosidades inflamadas, claro que a comida não é aproveitada da forma como deveria, bagunçando completamente o trânsito intestinal, para não dizer o estado nutricional daquele indivíduo. Os sintomas mais comuns são diarreia, dor, distensão abdominal e inchaço.
Uma condição muito discutida hoje em dia é a hipersensibilidade ao glúten, que pode atingir até 5% da população e causa sintomas parecidos aos da doença celíaca, sem, no entanto, haver as lesões da mucosa intestinal. Não existem hoje estudos de impacto que comprovem a existência dessa condição.
O potencial da Borrelia em causar intolerância ao glúten ou mesmo doença celíaca é o foco de alguns estudos do Estados Unidos e Suécia. E alguns desses estudos demonstrou uma distribuição semelhante entre locais com alta incidência de doença de Lyme crônica e distúrbios de digestão do glúten. Isso provavelmente acontece porque a cascata inflamatória desencadeada pela interação com o glúten em indivíduos com hipersensibilidade é potencializada pelas interações da borrelia com o sistema imunológico. Em outras palavras, indivíduos com alguma pré-disposição genética podem apresentar piora do quadro de hipersensibilidade ao glúten se acometidos pela forma crônica da doença de Lyme.
Costumo recomendar aos pacientes com doença de Lyme para evitar o glúten no caso de começarem a apresentar sintomas abdominais, como diarreia, dor, distensão abdominal ou inchaço. Isso é importante para inclusive não prejudicar a absorção dos antibióticos prescritos.
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